HERANÇA DA COR DOS OLHOS NA ESPÉCIE HUMANA

O primeiro modelo explicativo para a herança da cor dos olhos na espécie humana foi proposto em 1907. Segundo esse modelo a cor dos olhos era determinada por um par de genes alelos. O alelo dominante era responsável pela cor preta ou castanha. O alelo recessivo era responsável pela cor azul.
A tabela a seguir mostra os fenótipos e genótipos para a cor dos olhos, baseado na herança de 1 par de genes.
Fenótipo
Genótipo
Preto ou castanho
AA, Aa
Azul
aa

O modelo proposto, porém, não explicava a origem das outras diversas cores intermediárias que a íris pode apresentar.


ORIGEM DAS DIVERSAS CORES DOS OLHOS

A porção colorida do olho chama-se íris e sua cor varia do preto (quase negro) ao cinza e azul-claro, passando pelo verde e alguns tons de castanho.
Não existem pigmentos azuis ou verdes na íris humana. Nessa região do olho existe apenas um pigmento marrom-amarelado chamado melanina. A melanina encontra-se no interior de células chamadas melanócitos. Os melanócitos localizam-se na camada anterior da íris e estão imersos em tecido conjuntivo. As diversas cores do olho humano são resultado da quantidade de melanina presente e de efeitos ópticos. Assim temos:
Olhos escuros (castanho escuro) c Resulta do acúmulo de melanócitos na porção anterior da íris. Nesse caso, os melanócitos absorvem a maior parte da luz incidente e refletem uma determinada quantidade de luz marrom-amarelada.
Olhos claros (azul) c A porção anterior da íris apresenta pouca quantidade de melanócitos e apenas uma parte dos raios luminosos é refletida como luz marrom-amarelada. A maior parte dos raios luminosos incidentes atravessa a camada sem pigmentação da íris, onde os comprimentos de onda mais curtos (luz azul) são seletivamente refletidos. Fenômeno da dispersão de Rayleigh.  Nesse caso o olho será azul, pois haverá predominância do azul na luz refletida.
Olhos claros (verde) c Quando a porção anterior da íris contiver uma quantidade intermediária de melanócitos, a luz refletida, de cor marrom- amarelada, combinada com a luz azul, produzida pelo efeito Rayleigh, resultará na cor verde do olho.
Resumindo: a progressiva diminuição da quantidade de melanócitos e, consequentemente, de melanina na camada anterior da íris produzirá a gradação de cores desde o castanho-escuro até o verde e, finalmente, a falta quase total do pigmento provocará a gradação do azul ao cinza.

GENES ENVOLVIDOS NA DETERMINAÇÃO DA COR DOS OLHOS

Dois genes estão envolvidos na determinação da cor dos olhos humanos. No cromossomo 19 foi identificado o gene EYCL1, conhecido como GEY e, no cromossomo 15 foi identificado o gene EYCL3 ou BEY. Ambos os genes estão envolvidos na produção da melanina.
Gene GEY (Green eye color gene) c há dois alelos conhecidos deste gene, podendo existir outros.
GV – dominante, condiciona a cor verde
GA – recessivo, condiciona a cor azul

Gene BEY (Brown eye color gene) c apresenta dois alelos conhecidos.
BM – dominante, condiciona a cor marrom (castanho)
BA – dominante, condiciona a cor azul
Admite-se que entre esses dois pares de genes ocorra uma interação gênica epistática dominante, sendo o gene BM (alelo para marrom) epistático sobre os dois genes GV e GA. Assim, sempre que o indivíduo apresentar pelo menos 1 gene BM terá fenótipo castanho. Para apresentar olhos claros (azul ou verde) o indivíduo deve possuir, pelo menos, o par BA BA. A tabela a seguir mostra os genótipos e fenótipos possíveis para a cor da iris do olho humano.

Fenótipo
Genótipo
Castanho
BM _ _ _
Verde
BA BA GV _
Azul
BA BA GA GA

A determinação genética da cor dos olhos ainda não está completamente explicada, pois um terceiro gene, EYCL2 ou BEY1, que contribui para a cor castanha, foi localizado também no cromossomo 15.
Admite-se que possam existir outros genes, além dos já identificados, atuando na determinação da cor dos olhos. Ainda não há, por exemplo, explicação para o fato de alguns casais de olhos azuis gerarem, raramente, filhos de olhos castanhos.

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